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Homem sentando observando sala com muitos objetos de diferentes tipos.

Transtorno de Acumulação: o que é, sintomas e tratamento

Conforme DSM V (2010), a característica essencial do transtorno de acumulação são as dificuldades persistentes de descartar ou se desfazer de pertences, independentemente do seu valor real (Critério A).

O termo persistente indica uma dificuldade permanente em vez de circunstâncias vitais mais transitórias que podem levar ao acúmulo excessivo, como herdar uma propriedade. A dificuldade em descartar pertences observada no Critério A refere-se a qualquer forma de descarte, incluindo jogar fora, vender, dar ou reciclar. As principais razões dadas para essas dificuldades são a utilidade percebida ou o valor estético dos itens ou um forte apego sentimental aos pertences. Alguns indivíduos se sentem responsáveis pelo destino dos seus pertences e com frequência se esforçam muito para evitar o desperdício. O medo de perder informações importantes também é comum. Os itens mais comumente guardados são jornais, revistas, roupas velhas, bolsas, livros, correspondência e papelada, mas praticamente qualquer item pode ser guardado. A natureza dos itens não está limitada aos pertences que a maior parte das outras pessoas definiria como inúteis ou de valor limitado. Muitos indivíduos juntam e também guardam muitas coisas valiosas, as quais com frequência são encontradas em pilhas misturadas com outros itens menos valiosos. Os indivíduos com transtorno de acumulação guardam intencionalmente os pertences e experimentam sofrimento quando enfrentam a perspectiva de descartá-los (Critério B). Esse critério enfatiza que guardar os pertences é intencional, o que discrimina o transtorno de acumulação de outras formas de psicopatologia que são caracterizadas pela acumulação passiva de itens ou pela ausência de sofrimento quando os pertences são removidos.

Os indivíduos acumulam muitos itens que se empilham e obstruem áreas em uso a ponto de sua utilização pretendida não ser mais possível (Critério C). Por exemplo, o indivíduo pode não conseguir preparar alimentos na cozinha, dormir na sua cama ou sentar em uma cadeira. Se o espaço pode ser usado, é somente com grande dificuldade. Obstrução é definida como um grande grupo de objetos em geral não relacionados ou marginalmente relacionados empilhados juntos de forma desorganizada em espaços designados para outros propósitos (p. ex., em cima de mesas, no chão, no corredor). O Critério C enfatiza as áreas de estar "ativas" da casa, em vez de áreas mais periféricas, como garagens, sótãos ou porões, que às vezes ficam obstruídas nas casas de pessoas sem o transtorno. Entretanto, os indivíduos com transtorno de acumulação com frequência têm pertences que se espalham além das áreas em uso e podem ocupar e prejudicar a utilização de outros espaços, como veículos, pátios, o ambiente de trabalho e as casas de amigos e parentes. Em alguns casos, as áreas de estar podem estar desobstruídas devido à intervenção de outras pessoas (p. ex., membros da família, funcionários de limpeza, autoridades locais).

Os indivíduos que foram forçados a limpar suas casas ainda têm um quadro de sintomas que satisfaz os critérios para transtorno de acumulação, porque a ausência de obstrução deve-se à intervenção de outras pessoas. O transtorno de acumulação contrasta com o comportamento normal de colecionar, que é organizado e sistemático, mesmo que em alguns casos a quantidade real de pertences possa ser similar à quantidade acumulada por uma pessoa com transtorno de acumulação. A atividade de colecionar normal não produz obstrução, sofrimento ou prejuízo típicos do transtorno de acumulação. Os sintomas (i.e., dificuldades de descartar e/ou obstrução) devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do sujeito, incluindo a manutenção de um ambiente seguro para si e para os outros (Critério D). Em alguns casos, particularmente quando existe insight pobre, o indivíduo pode não relatar sofrimento, e o prejuízo pode ser evidente somente para aqueles que estão próximos. No entanto, qualquer tentativa de outras pessoas de descartar ou limpar os pertences resulta em altos níveis de sofrimento.

Abaixo são listados os critérios diagnósticos conforme DSM V (2010):

  1. Dificuldade persistente de descartar ou de se desfazer de pertences, independentemente do seu valor real.
  2. Esta dificuldade se deve a uma necessidade percebida de guardar os itens e ao sofrimento associado a descartá-los.
  3. A dificuldade de descartar os pertences resulta na acumulação de itens que congestionam e obstruem as áreas em uso e compromete substancialmente o uso pretendido. Se as áreas de estar não estão obstruídas, é somente devido a intervenções de outras pessoas (p. ex., membros da família, funcionários de limpeza, autoridades).
  4. A acumulação causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (incluindo a manutenção de um ambiente seguro para si e para os outros).
  5. A acumulação não é devida a outra condição médica (p. ex., lesão cerebral, doença cerebrovascular, síndrome de Prader-Willi).
  6. A acumulação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, energia reduzida no transtorno depressivo maior, delírios na esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, déficits cognitivos no transtorno neurocognitivo maior, interesses restritos no transtorno do espectro autista).

Referência Bibliográfica

DSM 5. Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais, 5ª Edição. Lisboa: Climepsi Editores. Baldwin, R.C. (2010).

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